Cherreads

Reencarnado pelo Caos

TrueBlood
7
chs / week
The average realized release rate over the past 30 days is 7 chs / week.
--
NOT RATINGS
10.7k
Views
Synopsis
Antes de Elian Freimann existir, havia Rodrick — um jovem marcado por uma tragédia que moldou não apenas seu destino, mas também o nascimento de uma alma muito além da redenção. Após perder o pai em circunstâncias misteriosas, Rodrick viu sua família ser destruída aos poucos pelo homem que deveria protegê-los: o padrasto Luiz. O abuso, a dor e o suicídio de sua irmã o lançaram em um abismo de ódio, consumindo o que restava de sua inocência. Guiado por um pacto com Apep, a entidade do caos, Rodrick embarca em uma jornada de vingança impiedosa, transformando sua dor em um ritual de sangue e sacrifício. Seu último ato? Selar seu próprio destino. Este é o começo e o fim de Rodrick... e o verdadeiro prólogo do nascimento de Elian Freimann.
VIEW MORE

Chapter 1 - O Começo e o Fim.

Você já se perguntou como uma vida pode mudar da água para o vinho? Como uma família que viveu feliz por anos pode, de repente, entrar em uma espiral de decadência e sofrimento?

Não importa com quais olhos você tente olhar ou quais justificativas tente dar — as atitudes finais de Rodrick foram, sem dúvida, ocasionadas pelo sofrimento e ódio que lhe foram causados durante anos.

Rodrick nasceu em uma família tradicional. Não uma família tradicional como as outras, mas uma linhagem cujos ancestrais eram praticantes de magia. Seu pai, Roberto, o Grande Mestre de uma ordem iniciática, era um homem amoroso, brincalhão com seus filhos e uma pessoa de extrema confiança para todos que o conheciam.

Aos nove anos, Rodrick queria a todo custo seguir os passos do pai. Primeiro, sonhava em se tornar policial e, é claro, desejava um dia ser o Grande Mestre da ordem iniciática à qual seu pai era afiliado. Mas, infelizmente, o mundo não é um mar de rosas. Foi nesse ponto que começou a queda da família Mauá.

No dia 23 de maio de 1984, Roberto, pai de Rodrick e de Luana, sua irmã mais nova, foi brutalmente assassinado. Dois anos se passaram, e o assassino nunca foi encontrado. Para Rodrick, isso era mais do que perturbador — era uma ferida aberta que se recusava a cicatrizar. Ele sempre se perguntava por que os deuses ou seres cultuados pelo seu pai dentro do templo não o ajudaram ou, pior ainda, não o protegeram.

Durante esses monólogos internos, Rodrick sempre se lembrava das palavras do pai:

"Rodrick, mesmo que cultuemos deuses ancestrais ou entidades primitivas, nada disso nos torna perfeitos ou onipotentes. Os deuses existem para nos auxiliar e nos proteger. Entretanto, mesmo que façam tudo isso por nós, também temos o dever de nos resguardar. Filho, não os culpe por tudo o que der errado na sua vida e também não os agradeça por tudo de bom que acontecer, já que você também realizará coisas incríveis por sua própria conta."

Sempre que Rodrick começava a culpar os deuses ou seus guardiões pelo que aconteceu com seu pai, ele se lembrava dessas palavras, que ecoavam em sua mente como um mantra. Nesse meio-tempo, sua mãe, Beatriz, buscando reconstruir sua vida, casou-se novamente. Luiz, que era amigo de seu pai e agora seu padrasto, não aparentava ser uma má pessoa. Mas, como diz o velho ditado, quem vê cara não vê coração.

Quatro anos se passaram após o assassinato de seu pai. E Luiz? Bem, nesse período ele começou a mostrar sua verdadeira face. No início, eram apenas gritos em discussões acaloradas com sua mãe. Aos poucos, a agressividade aumentou, escalando até chegar ao ponto de agressões físicas que deixavam marcas não apenas na pele, mas na alma de todos.

Em alguns momentos, Rodrick percebia Luiz olhando para sua irmã Luana de uma maneira estranha, mas, inocente como era, não conseguia interpretar aqueles olhares maldosos — olhares de um predador à espreita de sua presa.

No aniversário de 14 anos de Rodrick, seu mundo desmoronou completamente. Sua irmã, agora com 13 anos, havia se tornado cada vez mais calada e distante. Evitava ficar nos mesmos ambientes que seu padrasto e, quando estava em casa, passava a maior parte do tempo trancada no quarto, como se aquele pequeno espaço fosse seu único refúgio.

No dia anterior aos acontecimentos, Luiz disse que faria uma viagem de negócios e que voltaria em alguns dias. Entretanto... ele nunca mais voltou.

Rodrick, ao chamar sua irmã para o almoço antes da festa que aconteceria naquela noite, bateu à porta do quarto dela, mas não obteve resposta. Chamou duas vezes. Nada. Bateu mais duas vezes e, sem alternativa, decidiu entrar.

A cena que viu jamais sairia de sua memória, como uma cicatriz permanente em sua alma. Sua irmã estava pendurada por uma corda no pescoço, seu corpo balançando suavemente como um pêndulo macabro. Sobre a escrivaninha, uma carta dobrada cuidadosamente. Nela, Luana pedia desculpas a Rodrick por estragar uma data tão importante e à sua mãe por trazer ainda mais sofrimento à família já tão fragilizada.

Na carta, com uma caligrafia trêmula que denunciava seu estado emocional, Luana revelou todos os abusos sexuais sofridos nas mãos de Luiz desde os 12 anos. Contou que, devido ao desenvolvimento físico precoce para sua idade, despertou a perversão do padrasto. Mas o que mais enfureceu Rodrick, o que fez seu sangue ferver nas veias, foi a última revelação:

Nos últimos parágrafos, escritos com uma letra ainda mais instável, Luana confessou que nunca contou nada a ninguém porque Luiz a ameaçava constantemente. Ele dizia que, se ela falasse, mataria sua mãe — assim como fez com seu pai.

Ao ler isso, Rodrick e Beatriz choravam descontroladamente. Mas cada um por um motivo diferente. Enquanto Beatriz sofria de culpa e arrependimento por não ter percebido os sinais, Rodrick ardia de ódio. Um ódio visceral direcionado a Luiz, por ter destruído sua família, e a si mesmo, por não ter conseguido proteger sua irmã mais nova.

O velório aconteceu no dia seguinte, em um dia cinzento que parecia refletir o luto da família. Beatriz, com as mãos trêmulas, entregou a carta à polícia, que imediatamente iniciou a busca por Luiz. Rodrick não saiu do lado do caixão da irmã por um segundo sequer. E antes de ele ser fechado, inclinou-se sobre o corpo frio de Luana e fez uma promessa em um sussurro carregado de determinação:

"Não descansarei até matá-lo com minhas próprias mãos."

Cinco anos se passaram como um borrão de dor e planejamento. A depressão consumiu sua mãe como um câncer da alma, levando-a à morte dois anos após o suicídio de Luana. Durante todo esse tempo, o ódio de Rodrick não diminuiu — pelo contrário, cresceu e se fortaleceu, alimentado pela solidão e pelo desejo de vingança.

Mas ele nunca deixou de estudar. Mergulhou nos livros do pai com uma dedicação quase obsessiva e passou a praticar cada vez mais rituais mágicos com um dos mestres da ordem que ainda mantinha contato com ele. Até que, em uma noite de lua nova, fez seu primeiro pacto.

A divindade escolhida não foi por acaso. Era uma entidade rejeitada por muitos, inclusive dentro da própria ordem, pois representava a desordem e o caos primordial. Seu nome, pronunciado apenas em sussurros pelos iniciados: Apep.

Na ritualística, realizada em um círculo de pedras antigas, Rodrick fez apenas um pedido. Não queria prosperidade, felicidade ou poder mundano. Apenas que Apep o ajudasse a encontrar o destruidor de sua família, o homem que havia escapado da justiça dos homens.

Seis meses depois, após rituais diários e sacrifícios menores, Rodrick ascendeu a Mestre de 1° Grau dentro da ordem. Durante a cerimônia de elevação, quando seu sangue tocou o altar consagrado, Apep lhe concedeu uma visão cristalina:

Ele viu um homem vivendo feliz com uma nova família. Um filho pequeno, com cerca de dois anos, brincava no jardim enquanto o assassino de seu pai e abusador de sua irmã sorria, como se nunca tivesse cometido atrocidade alguma.

Com o coração acelerado, Rodrick perguntou ao vazio:

— Apep, é isso mesmo que estou pensando?

E a resposta veio como um sussurro gélido em sua mente. Na visão, havia uma placa ao fundo, identificando claramente o local onde Luiz vivia, escondido sob uma nova identidade.

Rodrick sorriu pela primeira vez em anos, um sorriso que não alcançava seus olhos.

"Durante cinco anos, nenhuma pista. A polícia nunca o encontrou. Mas agora, eu finalmente tenho minha chance."

Ele pegou o carro, uma arma — a mesma que seu pai guardava no cofre como proteção — e partiu na calada da noite, sem olhar para trás.

Cinco horas depois, chegou à cidade onde Luiz morava. Alugou um quarto em uma pousada discreta e aguardou o momento certo para agir, observando pacientemente a rotina de sua presa.

Dois dias depois, encontrou uma casa abandonada a cinco quilômetros dali, o local perfeito para o que planejava. Quando Luiz saiu para ir ao mercado, Rodrick o seguiu como uma sombra silenciosa.

Ao passarem por um beco escuro, afastado de olhares curiosos, Rodrick o golpeou na nuca com precisão, fazendo-o desmaiar instantaneamente.

O restante daquela noite seria repleto de dor, sangue e vingança.

— Acorda, seu filho da puta! — Rodrick exclamou, dando um tapa com as costas da mão no rosto de Luiz, que despertou sobressaltado, os olhos arregalados de pavor ao perceber que estava amarrado a uma cadeira.

— Acordou, bela adormecida? — perguntou com um sorriso frio.

Luiz olhou para o homem parado à sua frente. Alto, com 1,87 metros, uma constituição relativamente forte, cabelos negros como azeviche e olhos castanhos escuros que pareciam dois poços de ódio.

— Quem... quem diabos é você? O que estou fazendo aqui? — gaguejou, tentando reconhecer aquele rosto parcialmente iluminado pela luz fraca de uma lâmpada pendurada.

Uma risada sinistra ecoou pelo ambiente abandonado, reverberando nas paredes descascadas, então Rodrick respondeu, aproximando-se lentamente:

— Você não me reconhece, Luiz? Você se esqueceu do rosto do filho do homem que você matou? Do irmão da menina que você estuprou por meses, que fez com que ela tirasse a própria vida no dia do meu aniversário de quatorze anos?

Luiz empalideceu, olhando horrorizado para o rosto de Rodrick, como se visse um fantasma. Ele abria a boca para falar, mas nenhuma palavra saía, apenas o som de sua respiração acelerada preenchia o silêncio. Após alguns segundos que pareceram eternos, ele finalmente gritou:

— Você é Rodrick? Eu... eu não fiz nada! Sou inocente! Nunca encostei na sua irmã! E muito menos matei seu pai, eu juro!

Rodrick o encarava com um olhar furioso, as veias de seu pescoço saltando com a raiva contida. Antes que Luiz terminasse de falar, Rodrick lhe desferiu um soco violento na boca do estômago, fazendo com que ele ficasse sem ar, curvando-se tanto quanto as cordas permitiam.

— Não tente me enganar, seu filho da puta! — vociferou Rodrick, segurando o rosto de Luiz e forçando-o a encará-lo. — Eu sei que foi você. Além dos relatos da minha irmã nas cartas, Apep, a divindade com quem tenho um pacto, me mostrou você e como chegar aqui. Como você ousa viver feliz com uma nova família, enquanto destruiu a minha?

Luiz tentou falar algo em sua defesa, mas não teve tempo. Rodrick chutou sua cabeça com força, causando uma concussão que o fez apagar por alguns segundos, sangue escorrendo de sua têmpora.

— Eu esperei anos por esse momento! — declarou Rodrick, caminhando em círculos ao redor da cadeira como um predador. — Passei milhares e milhares de vezes na minha mente como eu te mataria, e hoje... hoje eu finalmente terei essa oportunidade!

Enquanto Rodrick falava essas palavras com um sorriso perturbador no rosto, Luiz, agora consciente novamente, implorava entre soluços:

— Não me mate, Rodrick! Eu juro que irei me entregar à polícia! Não quero deixar minha esposa e filha para trás, por favor! Eu sei que seu pai, sua mãe e sua irmã não iriam querer isso para você.

Rodrick, que estava rindo até aquele momento, parou abruptamente. Seus olhos se encheram de um ódio ainda mais intenso, uma fúria direcionada única e exclusivamente para o homem à sua frente.

— Meu pai? Minha mãe? MINHA IRMÃ? — rugiu, sua voz crescendo a cada palavra. — Todos eles mortos por sua causa, e você ousa falar deles para mim? QUEM VOCÊ ACHA QUE É PARA FALAR DELES PARA MIM?!

Rodrick desferiu um soco tão forte no rosto de Luiz que o som de um dente se quebrando ecoou pelo ambiente, misturando-se aos gemidos de dor.

— Pois bem. Acho que está na hora de começarmos — disse com uma calma artificial, contrastando com a violência anterior.

Rodrick amordaçou Luiz e iniciou uma série de torturas meticulosamente planejadas durante anos de ódio. Ele não tinha pressa. Cada movimento era executado com precisão cruel, como se estivesse seguindo um roteiro ensaiado inúmeras vezes em sua mente.

Começou quebrando os dedos de Luiz um por um, usando um pequeno martelo de ferro. O som seco do osso se partindo se misturava ao rangido abafado dos gritos por trás da mordaça. Entre cada dedo, ele esperava, deixava a dor se assentar e observava nos olhos de Luiz a transição do orgulho para o terror.

Em seguida, usou um punhal aquecido no braseiro ao lado para fazer cortes lentos ao longo das coxas e braços — não profundos o suficiente para causar desmaio ou morte, mas com a precisão cirúrgica de quem queria que a vítima sentisse cada centímetro do aço queimando a carne viva. O cheiro de carne queimada encheu a sala, denso e nauseante, enquanto o sangue escorria por todos os lados, manchando o chão de concreto em poças irregulares.

Rodrick então perfurou a sola dos pés de Luiz com pregos finos e longos, torcendo-os lentamente para arrancar grunhidos que nem mesmo a mordaça conseguia conter. O rosto de Luiz, antes marcado por uma arrogância inabalável, agora era apenas um retrato de pavor. Seus olhos, outrora desafiadores, mostravam apenas medo, dor, angústia e, talvez, um lampejo de arrependimento tardio.

Mas Rodrick não parou por ali. Pegou um frasco com sal grosso e despejou-o sobre as feridas abertas, esfregando com a palma da mão, quase como um gesto de purificação sádica. Luiz se contorcia na cadeira, preso por correntes apertadas que o mantinham imóvel, obrigando-o a sentir cada detalhe da dor.

— Isso não é punição... — murmurou Rodrick, mais para si mesmo do que para a vítima. — ...é justiça.

E continuou, com olhos fixos, como se cada gota de sangue que escorria fosse um tributo ao ódio que carregou por tanto tempo.

Com um sorriso sádico em seu rosto, Rodrick comentou, observando sua obra:

— Parece que você não está se divertindo, Luiz. Seu olhar de medo e angústia me deixa muito feliz, sabia?

Lágrimas silenciosas caíam dos olhos inchados de Luiz, misturando-se ao sangue em seu rosto desfigurado. Após duas horas de pura tortura, quando o corpo de Luiz já estava à beira do colapso, Rodrick começou a desenhar um elaborado sigilo de sangue no chão, murmurando palavras em uma língua antiga.

Após terminar o desenho ritualístico, Rodrick removeu a mordaça do seu cativo. Olhou profundamente em seus olhos quase sem vida e disse:

— Bom. Acredito que você já deve estar desejando a morte. Eu queria brincar mais um pouco com você, mas já está na hora.

Rodrick fez uma pausa dramática, olhando diretamente nos olhos de Luiz, e continuou com uma voz quase contemplativa:

— Sabe, Luiz, enquanto eu vinha para cá, fiquei imaginando como te mataria. Se eu daria um tiro com a arma do meu pai na sua cabeça. Se eu te enforcaria, igual minha irmã fez consigo mesma por sua causa. Mas, no final, decidi usar você como uma oferenda.

Ele passou os dedos pelo sigilo sangrento no chão antes de prosseguir:

— Sim, eu sei que já não se usa mais sangue humano nas oferendas modernas, mas eu sei que Apep aceitará esse sacrifício, já que ela não segue nenhum tipo de lei divina. Ela é o próprio caos, a desordem divina personificada. Luiz, você acabou com a minha vida e com a da minha família. Então, usarei seu sangue como oferenda a Apep, que me ajudou a te encontrar, e depois disso, eu também partirei deste mundo.

Após terminar de falar, com uma força que não parecia humana, Rodrick arrastou Luiz com suas mãos e pés amarrados para o centro do círculo, onde o sigilo foi desenhado com precisão ritualística. Posicionando-se atrás de sua vítima, Rodrick começou a entoar as palavras sagradas de sua divindade, sua voz assumindo um timbre que não parecia inteiramente seu:

— Ó, grande Apep! Aquela que é conhecida por trazer o caos e a desordem às leis divinas. Vós que sois a besta divina, destinada a engolir o sol no fim dos tempos.

Enquanto Rodrick falava, com um movimento fluido e preciso, começou a cortar o pescoço de Luiz com uma adaga ritual, o sangue jorrando em um arco perfeito sobre o sigilo, que pareceu absorver o líquido como areia sedenta.

— Eu, Rodrick, que sou seu pactuado, lhe ofereço essa oferenda em honra e glória ao vosso nome! Apep, venha e se banhe com este sangue, e me aceite ao seu lado no meu desencarne!

Cinco minutos se passaram desde que Rodrick cortou a garganta de Luiz. Os olhos da vítima, outrora de um azul claro como o céu de verão, agora estavam opacos e sem foco, fixos no vazio da morte. O sangue havia parado de fluir, e o sigilo no chão parecia pulsar com uma luz própria, quase imperceptível.

Rodrick, olhando para o corpo sem vida de Luiz, ergueu os olhos para o teto da casa abandonada, como se pudesse ver através dele, diretamente para o céu estrelado. Seus olhos se encheram de lágrimas que finalmente podiam cair livremente. Cinco anos haviam se passado desde que ele fizera a promessa no caixão de sua irmã. Rodrick finalmente havia conseguido vingar sua família, principalmente a irmã que ele tanto amava e não conseguiu proteger.

E, ao final, com o corpo ensanguentado e um sorriso que misturava triunfo e uma estranha paz, murmurou para o silêncio da noite:

— Pai, mãe, irmã... sei que onde quer que estejam, não aprovam o que fiz. Mas era impossível para mim seguir o caminho que vocês desejavam. Me perdoem.

Com a arma do pai apontada para a própria têmpora, ele sussurrou suas últimas palavras, uma lágrima solitária descendo por seu rosto:

— Que suas almas descansem em paz. E que a minha encontre o que merece.

E puxou o gatilho.

O som do disparo ecoou pela casa abandonada, assustando um corvo solitário que levantou voo na noite, como se carregasse consigo a alma atormentada de Rodrick para seu destino final.